segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cultuada banda, aguardado show

Se há uma banda que ainda inova, faz o que bem entende, virou de certa forma “mainstream” e ainda assim continua alternativa, esse grupo é o Radiohead.

Os ingleses que começaram como uma boa banda de rock alternativo em 1993 com o disco Pablo Honey, recheado de tendências post punk e guitar bands; mostraram que vieram pra ficar em 1995 com o ótimo The Bends; e marcaram seu nome na música em 1997 com a obra-prima Ok Computer (muitos consideram o melhor álbum dos 90), finalmente chegam ao Brasil em março de 2009, depois de vários boatos e especulações.

O grupo liderado pelo genial Thom Yorke, que tornou-se referência no estilo criando melodias melancólicas e letras complexas, provou a que veio com os 3 primeiros discos, para cometer suicídio comercial em 2000 com o difícil e estranho Kid A. Neste original álbum os músicos usam e abusam de experimentação, esquisitices e apetrechos eletrônicos, abrindo mão quase que integralmente dos instrumentos convencionais.



O álbum mais recente In Rainbows, de 2007, marca definitivamente o retorno do grupo ao bom e velho rock (o que indicava em menor escala o anterior Hail to the thief). Além de servir como mais uma nova tendência criada pela banda. Disponibilizaram o álbum para download no site oficial e o fã pagava quanto achava que valia o disco. Em época de Emules e Ipods, justo ou não?

Enfim, os ingleses costumam fazer shows memoráveis e com certeza estarei na Chácara do Jockey, dia 22 de março de 2009(se eu estiver vivo, é claro!) para apreciar mais esse grande nome da música recente.

Música bem feita, original e intensa... Pra pessoas de alma grande.


Discografia (Oficiais de estúdio):

Pablo Honey (1993)
The Bends (1995)
Ok Computer (1997)
Kid A (2000)
Amnesiac (2001)
Hail to the Thief (2003)
In Rainbows (2007)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Qualidades antagônicas (de Sandman à Bukowski)



Sempre achei quadrinhos “coisas de nerd”, embora chegasse a colecionar quando era mais novo, confesso que o grande motivo era a influências dos amigos, por isso, o hábito teve vida curta.

Neste mês em especial tive contato com duas espécies distintas (e até antagônicas, de certa maneira) de quadrinhos, porém de qualidades inquestionáveis.

Então, vamos começar pelo mais “ameno”. Sandman, é um dos quadrinhos mais inteligentes e premiados de todos os tempos, fruto da imaginação do escritor Neil Gaiman, a obra teve uma longa e amplamente comentada saga de sucesso mundial, que durou de 1988 até 1996 . A temática complexa, metafórica e lúdica aliada aos desenhos e ilustrações extremamente competentes tornam a história (que por si só já é viciante e repleta de originalidade) única.

O foco central é Lorde Morpheus, o Senhor dos Sonhos, e seus Sete Irmãos, conhecidos como perpétuos, personificações de sensações e emoções humanas, e suas relações com seus próprios mundos e mundo humano. Os traços traduzem muito o clima sombrio das histórias e as cores são um show a parte.

Depois de uma luxuosa coleção, chega agora a primeira saga de Sandman, chamada “Prelúdios e Noturnos” em edições separadas e a preços acessíveis. O primeiro volume já foi lançado e o segundo está chegando.

Vale a pena conferir, mesmo que não goste muito de quadrinhos. Os diálogos e narrativas são realmente de qualidade, fazendo jus a grandes nomes da literatura mundial. Enfim, um HQ diferenciado e pra gente grande ler.

Na contra mão do universo metafórico e fantasioso de Sandman, está a obra literária de Charles Bukowski, o “velho safado” natural da Alemanha, mas que viveu nos EUA boa parte da sua vida. Os livros do autor levam o leitor ao submundo ao qual viveu, retratando personagens alcoólatras, bandidos, prostitutas, enfim, um antro de marginais em obras autobiográficas onde tudo é muito descarado e obsceno. No entanto, a narrativa é singular, os diálogos geniais e o resultado, um soco no estômago.

E o que há de comum entre Sandman e Bukowski? A novidade (não tão nova) é que alguns contos do autor foram adaptados aos quadrinhos por Mattias Schulteiss, que retrata a obra com traços em preto e branco, trazendo a crueza e nudez nas ilustrações na mesma intensidade em que são as histórias excepcionais do autor beberrão. O livro foi lançado no Brasil na década de 80. No entanto, foi relançado recentemente para o deleite dos admiradores da literatura marginal. O nome da jóia: Delírios Cotidianos.

Indicado para ler numa noite escura embaixo daqueles postes com a lâmpada quebrada, meio falha, depois de uns drinks, esperando pelo busão no centro de São Paulo. Até mesmo porque, para ler Bukowski não se precisa de iluminação, mas sim de estômago.

Preços médios:
Sandman – Prelúdios e Noturnos – Vol. 1 – R$19,90 a 29,90 (em bancas, livrarias e internet)
Delírios Cotidianos – R$29,90 (em várias bancas e livrarias)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pink Floyd Jamaicano?

Que tipo de música lhe apetece? Você não é muito chegado naquele rock psicodélico/progressivo “viajandão anos 70”, mas se amarra em reggae? Todo santo dia, o seu mp3 recebe novas canções de dub? Você detesta isso e mais um pouco, mas é vidrado em Pink Floyd? Você curte rock n´roll em geral? Seu ouvido é adepto à música, indiferente do estilo, mas pertinente à qualidade?

Se você se encaixa em qualquer um dos perfis acima, encontrei um disco que vai chamar a sua atenção. “The Dub Side of The Moon”. O dub é um estilo proveniente da Jamaica, algo como um reggae moderno, com elementos eletrônicos e batidas marcantes.

Ok, vamos esclarecer os fatos, para o entendimento conciso! Pink Floyd é um dos maiores nomes da música (e confesso, minha banda do coração), grupo inglês que estourou nos anos 70, com músicas a frente de seu tempo recheadas de melodias climáticas e originais, letras rebuscadas, conceitos reflexivos, enfim, um grupo musical único. Em 1973 eles gravaram uma obra-prima chamada “The Dark Side of the Moon”, que me renderia uns 10 posts discorrendo apenas sobre o disco e suas curiosidades (entre elas, uma sincronia com o filme “O Mágico de OZ”, resultando em uma versão “dark” do filme, procure no Google, que há muitos sites falando sobre o caso).

Bom, mas o que tenho para falar hoje não é sobre o Pink Floyd. Quer dizer, é, mas não é. Explico. Existe um grupo de dub reggae, chamado Easy Star All-Stars (foto abaixo) que resolvou pegar a complexa obra de art rock “The Dark Side of The Moon” e regravá-la em versão... rastafari. Sim, os caras pegaram esse disco na íntegra e transformaram num álbum de Reggae da Jamaica. E o resultado ficou no mínimo curioso.

O conceito foi mantido, não quiseram recriar a obra, mas sim homenageá-la. A banda é muito boa e o som atrai a atenção dos fãs do Pink Floyd (geralmente avessos ao estilo), rock em geral, e principalmente ao imenso legado reggae/dub/rasta que não só adotou o álbum, como curiosamente foi atrás do “The Dark Side of The Moon” original e da obra do Pink Floyd.

Embora pareça meio bizarro, o tributo soou extremamente dinâmico e original, sem forçar a barra. Quem curte o disco do Floyd, mesmo não sendo adepto à sonoridade jamaicana, deve ouvir Dub Side, pelo menos por curiosidade. Agora, quem já é adepto do estilo e se interessa por música boa em geral, considero altamente indicado!

Agora os caras gravaram o “Radiodread”, versões dub para as músicas do Radiohead(que é outra banda que gosto muito), mas esse assunto fica pra depois.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um novo olhar na literatura fantástica

Simultaneamente ao fascínio pelas literaturas biográfica e não ficcional, sempre houve algo no "fantástico" que me chamou a atenção.

Adorava as animações tradicionais e infantis ao mesmo tempo que vibrava em historinhas de terror, depois comecei a pegar gosto por dramas inteligentes da mesma maneira que devorava filmes que retratavam o fantástico, lia uma livro do Saramago intercalado com Stephen King; no entanto um novo autor conquistou a minha curiosidade, Joe Hill (foto abaixo).






Seu primeiro full “Estrada da Noite” é um thriller que convence pela habilidade extrema em contar uma história macabra, porém remetendo a todos os outros escritores do gênero, então se você gosta de Stephen King, Clive Baker ou até mesmo de Allan Poe, leia sem medo (desculpem o trocadilho). É tiro certo!

Mas foco neste caso para o segundo livro do autor lançado no Brasil, embora suas histórias sejam anteriores ao livro citado, a coletânea de contos “Fantasmas do Século XX”. E aqui não estamos falando de histórias bobas de terror ou contos sinistros baratos, nos referimos a verdadeiras pérolas envolvendo drama, delicadeza, estranheza, originalidade e raras vezes, ao terror.


Dos 17 contos apresentados, considero dois, de fato, thrillers. Os outros quase nada (na maioria das vezes, nada) remetem ao tema. Mas uma coisa é consenso, todas essas histórias tratam do grande fantasma do século XX, a solidão.


Histórias perturbadoras como "Telefone Preto" e "A Máscara do meu pai" (essa extremamente original) mexem com o leitor a tal ponto de se perguntar a todo instante se isso não está acontecendo com ele também. Os belíssimos “Fantasma do Século XX”, “A Capa” e “O desjejum da viúva” são permeados de sensibilidade e uma reflexão de quão solitárias as pessoas estão, embora os contos retratem épocas distintas.

Mas o grande trunfo fica com “Pop Art”, só esta original e belíssima história já valeria o livro. E aqui todos os ingredientes do autor se encontram. O estranho, a delicadeza e sensibilidade, o imprevisível.

Uma leitura prazerosa(embora muitas vezes inquietante), com histórias tão esquisitas(no bom sentido) quanto marcantes, produzida por uma nova voz da literatura fantástica mais quem bem-vinda.

Se você se interessou, já fiz uma busca rápida e selecionei os preços mais interessantes:
BestShop TV: http://www.bestshoptv.com/product/26238.html?idPublicacao=4BE51639-2103-415E-B586-A71793ABFDDE&expira=20081126

Submarino: http://www.submarino.com.br/produto/1/21394494/?franq=102414

Fnac: http://www.fnac.com.br/product.aspx?idProduct=9788599296295&partner=buscape_livro&res=1024



Se você já leu ou se interessou, digaí!
O que achou?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"A Morte" de(por) outro ponto de vista

Meu novo vício é um seriado nem tão recente. Na realidade, nunca dei muita bola aos sitcoms norte-americanos, no entanto tenho me deparado com alguns bem originais e interessantes e este é um desses.


Six Feet Under ou “A Sete Palmos”, como foi lançado no Brasil, teve 5 temporadas e foi exibido entre 2001 e 2005 pela HBO, portanto cheguei um pouco atrasado ao espetáculo, mas a tempo de propagar ainda a genialidade desta originalíssima série que me fez botar fé na inteligência televisiva.

Não vou dizer “assista, pelamordedeus, porque é sensacional” (não que não seja), porque o seriado não é para qualquer um. O tema é delicado, o apelo sexual é forte e tudo é muito descarado, nu e cru, contrapesando com uma complexidade psicológica de personagens poucas vezes vista na tv.

Os personagens principais, todos oriundos do teatro, desenvolvem no telespectador uma sensação mista de paixão/compaixão/raiva, o carisma deles e particularidades de cada nos fazem querer ficar grudados na tv, esperando cada vez mais conhecer o âmago da Família Fisher, foco central da série, que herdou do pai uma funerária e tem que lidar com a solidão da mãe, os desencontros da irmã mais nova, a opção sexual do irmão do meio (o sensacional Michael C. Hall, de Dexter) e as boas intenções, porém enigmáticas, do irmão mais velho.

Cada episódio inicia com uma morte e as situações dosadas de drama, comédia e humor negro, além dos excelentes diálogos nos conduzem a momentos raros na teledramaturgia estadunidense. A morte é retratada de uma maneira poucas vezes vista e o último capítulo é algo transcedental, e triste. “A Sete Palmos” é, de fato, genial. Pudera, o criador é Alan Ball, nada mais, nada menos, a mente criativa por trás do clássico recente do cinema “Beleza Americana”.

Se interessou? O valor médio do box de cada temporada é R$99,90, entretanto no http://www.submarino.com.br/ você encontra promoções esporádicas com o box a R$49,90. Agora se você realmente gostar e fizer questão de colecionar, fica aqui a dica (foto abaixo): http://www.amazon.com/Six-Feet-Under-Complete-Gift/dp/B000HEVZBW/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=dvd&qid=1226406747&sr=1-1


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Diga aí!

Digaí?


Expressão verbal, comunicação oral ou desabafo gramatical, seja lá qual for a forma de contato entre dois ou mais seres humanos, o importante é interagir.

E não estou pregando nenhuma "onda do momento" ou "balada da vez", por usar o verbo INTERAGIR. Pois é, o mesmo virou meio que chavão da juventude "galera" e contextualizando-se diferentemente do que um dia significou.

Interação é interação. "Bom dia" é interação, "Me dá um beijo?" é interação, socar alguém é interação, botecar é interação, tocar música é interação, cutucar o nariz não deixa de ser uma interação consigo mesmo! Então, não me venha com esse papo de interatividade estar necessariamente relacionada ao site que está "bombando" ou ao barzinho high-tech da Vila Olímpia que você foi na semana passada.


Você é hype? Eles também são!
http://www.youtube.com/watch?v=oGY-OkRclnU

Tá bom, eu tinha que dar um jeito de divulgar esse vídeo - sim, escroto - mas, sensacional dos figuraças do Hermes e Renato.

Uma paródia digna do CSS (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cansei_de_Ser_Sexy) que é a banda do momento entre a garotada (interativa???)


Aproveito para ir na contramão e indicar um belíssimo disco lançado no mês passado, o "Sou" do ex-Los Hermanos (sabe-se lá até quando) Marcelo Camelo.




Eu, particularmente, gostei da aparência de mendigo do compositor na foto promocional, penso que seja uma forma de expressar a sonoridade intimista que permeia o álbum, se abstendo de máscaras ou carapuças e visitando o verdadeiro âmago do artista, simples e despretensioso.

Algumas canções possuem rara beleza e o destaque está justamente na simplicidade: na voz baixinha, no violão, na produção nada sofisticada, mas na presença constante do bom gosto e originalidade do músico.

Destaco a canção de abertura "téo e a gaivota", a assobiante "doce solidão" e a linda "janta", com quem canta ao lado de Malu Magalhães, cantora prodígio que já se tornou referência na nova música brasileira, exageros à parte, a menina tem um voz gostosa, boa afinação e nada mais; mas rendeu uma belíssima dupla nesta mais que bem-vinda música.

Gosta do Camelo? Gostou do "Sou"? Não?

Digaí!